Arquivo de 16/02/2010

Eu não sei

Publicado: 16/02/2010 por rodoxcaos em Poesia
Tags:, , , ,

Eu a vejo tão perto, tão perto estou e vejo
Vejo… O quanto vai crescer e quando vai morrer.
Já não tenho pra onde correr
Já sei mais o que vou fazer
A estrada é tão longa, tão opressora
Tenho preguiça em percorrê-la
Não pretendo mais sabotar a vida
Ela corre em minha direção e eu fujo sem compromisso
Não espero que ela me atenda, nem mesmo que me defenda
Estou correndo rumo ao fim
Ele corre diante de mim
E cá estou para esperá-lo, sem noção do que fazer
O caminho nada virtuoso, falso herói é o que estou sendo.
Sem desafios nem promessas, nem dragões, nem odisséias.
Meu cavalo não está selado, meu tapete bem tecido.
A cada noite desfaço uma linha, enfrento viúvas e seus monstros
Numa ilha paramentada com crânios e promessas
E eu… Não sei…
Eu… Não sei…
Ao meu lado está a Vênus com suas linhas e sem suas vestes.
Controlando cada momento de insanidade e prece.
Como tê-la esperando?
Algo aqui está fedendo, sem minhas ilhas de vivência
Não espero mais clemência e dissolvo os seus livros
Em consumo excessivo.
Estou chegando do outro lado da rua
Grandes valas de esgoto, portas e encomendas.
Eu… não sei…
Eu não sei…
Eu não sei.

Rodolfo Morais

Lívido

Publicado: 16/02/2010 por JEFF em Poesia

Você é apenas uma palavra distante
entre armadilhas montadas por imagens despercebidas
estamos longe de sermos algo voraz
a desilusão ou outro sentimento qualquer como escudeiro
e o determinismo se mostrando como um fiel amigo
um hóspede maldito
contando as horas insensatas

Cantos esquálidos
esquálidos destinos
o sangue corre
alguém limpa
a vida continua para os fracos
a sujeira espera pelos limpos
como gritos
ecoando cadeias inteiras de revoluções inacabadas

Outro dia notável para ser esquecido
Eu vou continuar
sei que vou continuar
sempre…
perdendo um pouco de cor a cada dia…

JEFERSON

Sábado, 13, uma e vinte e um

Publicado: 16/02/2010 por JEFF em Poesia

Lidando superficialmente
com um emaranhado de impressões distorcidas
Somos senhores do nosso tempo
esquecemos as coisas com facilidade
O brinde que hoje fizermos
nunca mais terá a impregnância de sentidos de outrora
Pessoas faltam, pessoas vão…
Não sabemos lidar com isso
Nos exibindo como ratos
roendo, sem saber,
as bases de um indigna e ilusória felicidade

Não posso justificar porque sou indiferente
Perdi muito tempo acompanhando o que não acredito
o que temos nunca foi o bastante
Não posso definir a perpendicularidade das linhas à trajetória que escolhemos
Alguém, deveria…
mas não está mais entre nós
passam das três
e eu só recebi a notícia agora
havia tanto a ser refeito e agora eternizado incorrigível
tanta distância a ser considerada
que Você não está mais aqui
e eu nem consigo entender
porque permaneço acordado
…ou por que sinto tanta falta de sentir…

JEFERSON

Sentido

Publicado: 16/02/2010 por JEFF em Poesia

Olhando as imperfeições da parede
os descascados do teto
os ponteiros do relógio seguem inerentemente suas órbitas
emitindo seus impiedosos sons dilacerantes
incitando a triste vontade de escrever sobre a tristeza
as horas avançando para a situação derradeira
restos de produtos industrializados sobre a pia da cozinha
a falta de destreza para lidar com a morte
a mudança de planos
a ausência de sentimentos apropriados
a nova cria de ratos se movendo pela casa
as frestas das portas
as lacunas da vida
as imperfeições dos anos
o silêncio forçado dos Anjos
a confissão forjada dos inocentes
o sono começa a chegar
um carro e uma bicicleta passam do outro lado da rua
e ainda não encontrei algum sentido lírico ou poético nisto tudo

JEFERSON