Arquivo de dezembro, 2009

Bourbons, pensamentos e inspirações

Publicado: 31/12/2009 por rodoxcaos em Poesia

Sim…
Mais uma noite em claro, mais uma noite de inspiração.
Ao meu lado várias doses de Bourbon e minha eterna solidão
Aos poucos vejo as horas, aos poucos fico mais leve
Cada vez mais a música é inspiradora.
E mais uma dose… E mais outra…
A noite é chuvosa , o vento é intenso e as horas densas.
Mas isso não vem de graça… O Bourbon me ajuda.
A imensidão dos pensamentos tortos é incalculável.
A reparação dos atos insensatos é impossível
Então não há porque me preocupar
Tudo está exatamente como sempre foi.
E acho que as coisas não vão mudar por aqui.
Mas…
Que se dane, ainda tenho meu Bourbon.
E doses cavalares de inspiração.

Rodolfo Morais

Ontem

Publicado: 31/12/2009 por JEFF em Poesia

É… Ontem foi mesmo um dia interessante
as péssimas músicas, sem letras e sem criatividade tomaram conta das rádios
mesmo assim, as músicas clássicas foram mais tocadas do que elas
foi estranho
os judeus pediram desculpas por terem perseguido os alemães
e o papa, por ter sido incrédulo…
Alguns protestantes se arrependeram de nunca terem pedido dinheiro aos fiéis
os mendigos chatos saíram das ruas e deram dinheiro ao trabalhador
os Cubanos se reconciliaram com os Americanos
e abdicaram dos bloqueios comerciais que fizeram
alguém elogiava falsamente o meu país
e todos se arrependeram de nunca agirem por conveniência
foi legal,
você me beijava copiosamente
dizia que me amava
e eu, quem diria… estava feliz
ontem, você dizia ser só minha
e, estranhamente, eu acreditava em tudo
ontem… eu acreditava em tudo…

JEFERSON

Cat Power, cante para mim essa noite

Publicado: 30/12/2009 por rodoxcaos em Poesia

Doce voz que preenche os meus ouvidos.
Essa noite meu mau humor estava mais intenso do que de comum.
Então não soube o que fazer, resolvi ouvir-la cantar.
Nesse momento era tudo que queria.
Queria ouvir a sua voz, mesmo que em uma gravação.
Apreciei toda a sua obra.
Embriaguei-me ao ouvir sua doce e melódica voz
Quero mais, viciei-me em você, vicie-me em você
Então… Cante uma música para mim.
Cante uma música somente para mim.
Nesta noite eu tinha alguma espécie de humor raivoso.
E ele não saiu pela porta.
Cat, cante para mim. Veja o quanto minha vida é dependente
Deixe sua mansidão melancólica em meus ouvidos.
A fumaça do cigarro parece mais atraente ao sair da sua boca.
Aquela musica que tanto gosto vai me deixar legal.
Poderemos beber juntos após isso.
O que prefere?
Whisky, vodca ou rum?
Ao seu som eu prefiro os três…
Costumo nunca pedir nada
Mas quero que cante para mim, cante somente para mim.
Cat Power, cante para mim essa noite.
Cante em todas…
Apenas cante.

Rodolfo Morais

Solidão

Publicado: 30/12/2009 por rodoxcaos em Poesia

A solidão é minha maior companheira, somente ela me entende.
Nas noites mais chuvosas é com ela que quero estar.
É ela que me faz querer, ela me adora e me venera.
E eu a adoro. Solidão amiga e constante.
Algumas pessoas a temem. Não conseguem viver consigo mesmas.
Que é o mais solitário então?
Minha grande amiga solidão, é com você que quero estar.
Solidão fascinante, atraente amiga de noites longas.
Olho para o mar e só consigo querer estar só
Então baby, não insista… Não insista.
Os ponteiros do relógio já indicam que é tarde.
Todos já se foram. Foram para suas vidas
E só você ficou, mais uma vez é você que me acompanha.
Sim eu te adoro. Doce e gélida solidão.
Algumas pessoas dizem que eu não estou nada bem.
Quem elas pesam que são para dizer isso?
Coitadas, não sabem o quanto você me faz bem
O quanto você me alimenta. Sim eu te adoro.
Solidão amiga velha, solidão amiga eterna.
Não me abandone.
Caminhe ao meu lado, seja minha amante.
Eu te adoro…
Solidão doce e gélida… Eu te adoro

Rodolfo Morais

Verossímil

Publicado: 30/12/2009 por JEFF em Poesia

Alguém! Tirem as frases do fogo!
Quero as palavras cruas
os pensamentos desvestidos
e as intenções reveladas
sejam humanas
ou o quão desumanas elas possam ser

Quero o ventre rasgado
o golpe desferido
o destino confesso
e os porquês dele ter sido confessado
eu quero tudo
agora
…no segundo do nascimento

JEFERSON

Quotidiano

Publicado: 29/12/2009 por JEFF em Poesia

Andei por aí
passei a saber…
na cidade inteira
ninguém estava indo em uma festa à fantasia
mas então…
porque todos trouxeram máscaras?

JEFERSON

Super ficcional

Publicado: 28/12/2009 por JEFF em Poesia

então é isso, vamos lá
façam suas vítimas
vamos jogar os corpos nas valas que eles mesmo fizeram
desmantelaremos suas estratégias em suas próprias trincheiras
e sairemos vitoriosos com uma moral que nada significa
nada dignifica…
nada dignifica o significar

JEFERSON

Motörhead – Serial Killer
(Tradução)

Eu sou o serial killer
Eu sou a mão sangrenta
Eu sou o chefe tomador de putas
Eu sou o escolhido.

Eu sou a navalha vermelha reta,
Aquele que se banha em sangue;
Eu sou o bicho-papão, eu sou
a vazia capa bocejante,
Não olhar para a piedade, não;
Eu sou o homem sem coração,
Eu vim concertar todas as coisas,
Eu sou o homem de um bando.

Você ainda não pode imaginar,
Como você dançará para mim;
Mas você dançará para sempre
Para a melodia que eu decretar.
O reino do verme,
É todas as coisas para todos nós,
Mas eu lhe ensinarei muitas coisas,
antes de eu te deixar cair.

Eu sou o negro pesadelo morto.
Eu trago uma luz tão forte;
Para iluminar o caminnho que pegaremos;
Eu mostro a maneira que todos os corações quebram,
E eu verei o velho mundo de volta ser quebrado

À medida que descemos para o horrível

Uivante

Noite

“Vem por aqui” — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: “vem por aqui!”
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali…
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos…
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: “vem por aqui!”?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí…
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?…
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos…

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios…
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou…
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

…da ignóbil conveniência

Publicado: 26/12/2009 por JEFF em Poesia

Lancinante é o que nos reserva o futuro desolado
reféns de combinações impossíveis
e destinos improváveis

JEFERSON

Finitude

Existem muitas histórias sobre o analista de Ba gé, mas não sei se todas são verdadeiras. Seus métodos são certamente pouco ortodoxos, embora ele mesmo se descreva como “freudiano barbaridade”. E parece que dão certo, pois sua clientela aumenta. Foi ele que desenvolveu a terapia do joelhaço.
Diz que quando recebe um paciente novo no seu cons ultório a primeira coisa que o analista de Bagé faz é lhe dar um joelhaço. Em paciente homem, claro, pois em mulher, segundo ele, “só se bate pra descarrega energia”. Depois do joelhaço o paciente é levado, dobrado ao meio, para o divã coberto com um pelego.
– Te abanca, índio velho, que ta incluído no preço.
– Ai – diz o paciente.
– Toma um mate?
– Nã-não… – geme o paciente.
– Respira fundo, tchê. Enche o bucho que passa.
O paciente respira fundo. O analista de Bagé pergunta:
– Agora, qual é o causo?
– É depressão, doutor.
O analista de Bagé tira uma palha de trás da orelha e começa a enrolar um cigarro.
– To te ouvindo – diz.
– É uma coisa existencial, entende?
– Continua, no más.
– Começo a pensar, assim, na fìnitude humana em contraste com o infinito cósmico…
– Mas tu é mais complicado que receita de creme Assis Brasil.
– E então tenho consciência do vazio da exis tência, da desesperança inerente á condição humana. E isso me angustia.
– Pos vamos dar um jeito nisso agorita – diz o analista de Bagé, com uma baforada.
– O senhor vai curar a minha angústia?
– Não, vou mudar o mundo. Cortar o mal pela mandioca.
– Mudar o mundo?
– Dou uns telefonemas aí e mudo a condição humana.
– Mas… Isso é impossível!
– Ainda bem que tu reconhece, animal!
– Entendi. O senhor quer dizer que é bobagem se angustiar com o inevitável.
– Bobagem é espirrá na farofa. Isso é burrice e da gorda.
– Mas acontece que eu me angustio. Me dá um aperto na garganta…
– Escuta aqui, tchê. Tu te alimenta bem?
– Me alimento.
– Tem casa com galpão?
– Bem… Apartamento.
– Não é veado? Não.
– Tá com os carnê em dia?
– Estou.
– Então, ó bagual. Te preocupa com a defesa do Guarani e larga o infinito.
– O Freud não me diria isso.
– O que o Freud diria tu não ia entender mesmo. Ou tu sabe alemão?
– Não.
– Então te fecha. E olha os pés no meu pelego.
– Só sei que estou deprimido e isso é terrível. É pior do que tudo.
Aí o analista de Bagé chega a sua cadeira para perto do divã e pergunta :
– É pior que joelhaço?

As tropas

Publicado: 24/12/2009 por rodoxcaos em Poesia

Todas as tropas após serem alinhadas partirão.
Não haverá tempo para despedidas
Haverá tempo para a guerra.
Aliás, haverá muito tempo para a guerra
E a guerra por muito tempo.

Rodolfo Morais

É tempo de hipocrisia

Publicado: 24/12/2009 por rodoxcaos em Poesia

É tempo de hipocrisia
Saúdem o festival das imbecilidades humanas
Dancem sobre uma mesa arrumada
Descubram o quanto nojento é este tempo
Todas aquelas frases prontas, toda falsa alegria
Os idiotas comemoram e se embriagam.
Hoje criam uma falsa ilusão de esperança e vida renovada.
E amanha comentem os mesmos erros de ontem.
Dizem que algum estúpido nasceu. Mas e daí?
As ruas estão cheias. Cheias de gente vazia.
Alguns dizem que são tempos de renovar as esperanças.
Meros idiotas, não há esperança para ser renovada.
E mesmo que houvesse alguma, amanha estaria morta.
Então não gastem suas palavras em saudações vãs.
Não desperdicem sua única vida com bobagens
Não façam de hoje um dia especial.
Pois amanha, além de vocês acordarem.
Verão que o mundo continua o mesmo.
E que nenhum daqueles seus pedidos ínfimos fora realizado.
E o pior, o mundo continuará a seguir seu curso, como sempre o fez.
Ah! Já ia me esquecendo.
Boas festas.

Rodolfo Morais

…Pode contar comigo…

Publicado: 23/12/2009 por JEFF em Poesia

quando as paredes caírem
quando as chances acabarem
quando o tempo ruir
e os desafios se elevarem
quando essa vida não valer mais a pena
quando as coisas se complicarem
quando não existir mais opções
quando as conversas se esvaziarem
quando o destino trair
e as pessoas te abandonarem
lembre-se
…estarei aqui

JEFERSON

Estranho

Publicado: 22/12/2009 por rodoxcaos em Poesia

Mais uma vez me pego desafiando-me mesmo nesse jogo sem precedentes
Vejo-me no limite do meu ser, e me vejo longe de tudo.
Faz tempo que lhe avisei que não daria certo.

Rodolfo Morais

Uniformidade

Publicado: 21/12/2009 por JEFF em Poesia

beba seus drinks
construa seus relicários
invente sua vida ridícula
siga outros horários
reclame a minha ausência
preencha os formulários
invente desculpas pra ser você mesma
calcule os numerários
tire fotos descoladas
para colocar em porta-retratos obsoletos
não quebre a rima
escolha outros utilitários
construa destinos falsos
destrua os calendários
silencie o amanhecer
viva intensamente seus sonhos temporários

JEFERSON

Horas

Publicado: 20/12/2009 por Luiz Vieira em Poesia, Poesias com Audio, Produção "Teatro do Caos"

Tin… Dezenove horas e 5 minutos…
Tin… Dezenove horas e 6 minutos…
Tin… Dezenove horas e 7 minutos…
Ele carrega meus versos mais preciosos
Meus melhores beijos, o meu único sorriso
Ele carrega as torres de meus desejos satisfeitos
Ele transborda de sentimentos as represas do passado

Tin… Dezenove horas e 9 minutos…
Tin… Dezenove horas e 10 minutos…
Escorrem por entre os dedos as pequenas esperanças
Afinal a experiência provou que ela deveria morrer bem mais rápido
Meus soldados me abandonaram, e eu novamente estou só
Percebi que muitos dos meus sonhos são impossíveis.

O tempo enterrou minhas angústias,
Deixou as lágrimas como recompensa
Ele permitiu-me mais algum tempo
Eu nem sei se desejo tanto
Agora existem nuvens cinza
E elas escondem-me depois me desprezam
E ele tempo carrega tudo, carrega todas as horas

Tin… Dezenove horas e 11 minutos
Tin.. Dezenove horas e 11 minutos
Tin..

[Audio http://dc181.4shared.com/img/177617459/79b095ed/dlink__2Fdownload_2F177617459_2F79b095ed_3Ftsid_3D20091220-175411-3930334/preview.mp3%5D

Luiz Vieira

Fotocópia

Publicado: 20/12/2009 por JEFF em Poesia

Reabilitando os dias, reverberando glórias
alguns minutos imprecisos vendo a vida pelo retrovisor
e estamos, sempre,
nos rejuntando em blocos necessários
essenciais à construção do grande muro que aprendemos nos tornar
para proteger a redoma de vidro
e todos os impérios comuns de proporções desconhecidas
emoções baratas
percepções distorcidas
fotos descoradas
palavras não ditas
ações não executadas
e outras milhões de coisas que se processam alheias às ruas da cidade
no íntimo da cópia da cópia de uma outra cópia
de uma imagem fraca de nós mesmos,
do que um dia fomos
ou do retrato mais tenebroso do que nos tornamos…

JEFERSON

Somos uma família alegre

Publicado: 19/12/2009 por JEFF em Poesia

Ele sabe que seu emprego é temporário
mas não sabe como vai viver sem ele
o outro se comporta como magro
mas está engordando sem parar
ela sabe que seu namoro é temporário
mas diz que o ama e que viverão juntos para sempre
a outra acha que a vida virtual é melhor que a real
e cria perfis e imagens distorcidas de tudo que quer parecer
uma outra também acha que a vida é só isso
e aceita complacentemente viver presa em casa
e a outra, pior, está enlouquecendo
e jogando a culpa em mim que nem a conheço
e eu, que já sou louco,
não tenho ninguém para culpar…

JEFERSON

A hora da (re)volta

Publicado: 17/12/2009 por JEFF em Poesia

gritos não bastarão
quando a euforia passar
…e os inimigos realinharem suas tropas…

JEFERSON

Acima das palavras

Publicado: 16/12/2009 por JEFF em Poesia

Nem todo Drummond precisa ser Andrade
nem toda mentira precisa ter meia verdade
é verdade você deve saber
não adiantar ir em frente, nem perceber
não adianta dizer que sim,
nem recuar
os vermes, Eles estarão lá quando você voltar…

JEFERSON

Direto

Publicado: 15/12/2009 por rodoxcaos em Poesia

Correndo em direção a qual não há volta
As margens estão ali para nos barrar.
Elas nos impedem, elas nos quebram.
Vamos lá, tente sair, cresça.
Estou preso nessa linha, a fila me segura.
Tento sair, tento fugir.
Todos aqueles sintomas precoces desapareceram.
A infecção é visível, a infestação já é fato
E nós estamos aqui em meio a essa sujeira.

Rodolfo Morais

Antes do fim

Publicado: 14/12/2009 por JEFF em Poesia

Quando tudo estiver bem perto do fim
as pessoas pararão nos sinais
baixarão os vidros dos carros
e perceberão as pessoas e as cores do mundo ao redor…

JEFERSON

Mais uma quadra em direção à noite mais densa

Publicado: 13/12/2009 por JEFF em Poesia

Girando,
nutrindo sonhos inférteis
desbravando a cidade
e o que ela oferece…
Consumindo a noite
superando as luzes em direção contrária
mais rápido do que podemos compreender
mais rápido do que podemos arrumar um sentido
para avançar pra outra coisa
e depois, outra coisa
até quem sabe suportarmos a queda após o giro
e o pacto seguinte
e o seguinte… e o que virá depois…
vamos continuar
esquentaremos até sermos consumidos e virarmos cinzas
espalhadas pelos ventos da liberdade
ecoando em todos
o desejo despretensioso de fazer algo diferente esta noite
ou de, simplesmente,
nos ausentarmos daqui…

JEFERSON

Ele a toca como nunca havia tocado antes
a cobre cuidadosamente com sua melhor roupa
respira próximo ao corpo dela
pensa em muitas coisas
muitas coisas flutuando,
mas nenhuma que seja conveniente ser dita agora
já que este é seu momento contemplando
o som do silêncio
com cuidado, carinho e veneração
percorre o seu corpo
olha para o lado e vê as flores do buquê despedaçadas
pensa em uma analogia a que isso possa significar
vê os indícios da luta espalhados pela casa
…os discos arranhados…
Mais uma vez conseguiu o que queria,
outra vitória brilhante esta noite
mesmo assim ele chora…
chora copiosamente
por nunca ter se arrependido de matar alguém…

JEFERSON

Inspiração

Publicado: 11/12/2009 por JEFF em Poesia

…mas eu nunca sei o que acontece
ou que poderá acontecer…
entre a primeira e a próxima poesia, ainda a ser tecida
na porta entreaberta, na penumbra,
no feixe de luz cortando o quarto escuro,
nos sinais reconhecidos
entre o refratar ou não da luz da esperança
e a sequência de palavras ainda a serem descobertas

JEFERSON

Sobre os outros…

Publicado: 10/12/2009 por JEFF em Poesia

Aportadas às nuances das culpas ressurgidas
estão todas as propostas vindouras
viciadas nas mesmas questões de sempre…
É, até pensei que fosse diferente,
todavia, não que eu queira ser chato
nem dizer que seja previsível, mas
vidas de plástico tendem a terem destinos congelados
e resultados conhecidos
por isso, projetamos uma camada mais espessa
afim de nos protegermos do que virá quando a fumaça baixar
ou mesmo do que poderá nos acontecer
quando ficarmos frente a frente com nossos pensamentos
e com a gente mesmo no fim do labirinto
onde não faz mais sentido o uso de máscaras
ou outros artifícios quaisquer,
mas…
fique tranquilo…
essas coisas são sempre sobre os outros,
nunca sobre a gente…
a camada continua firme e… por enquanto…
o nosso mundinho perfeito continua em pé…

JEFERSON

(Des)importante

Publicado: 09/12/2009 por JEFF em Poesia

Bebidas copos pessoas
quatro e meia da manhã e ainda estamos nisso
Rodando em busca de lugares
fechados
fechados para pessoas como a gente
e nem sabemos se isso importa
já que vamos rápido demais para ligarmos pra isso

No caminho que escolhemos,
palavras cimentam convicções
e sustentam devaneios sinceros
novas rotas são traçadas
novos desejos arquitetados
para serem desfeitos suntuosamente antes do amanhecer
mas nem sabemos se isso importa
já que vamos rápido
rápido demais para ligarmos pra isso
ou pra qualquer coisa que possa nos acontecer

JEFERSON

Longo horizonte

Publicado: 08/12/2009 por rodoxcaos em Poesia

Mais uma vez estou caminhando pela rua
O caminhar é lento e solitário
À minha frente infinitos postes
E suas luzes a traçar o meu horizonte
Tamanha harmonia só mostra o quanto ainda vou caminhar
Serão lentos passos até lá, espero chegar bem.
Continuo pelo canto da rua, observando as luzes.
Ao meu redor o silêncio de outros caminhantes
Não os consigo ouvir, pois minha atenção está na sinfonia.
A sinfonia das asas de centenas de insetos
Que insistem em voar ao redor da luz, geralmente eles caem.
Mas ainda perseguem e precisam da luz.
Olho para o céu. Não há lua e nem nuvens.
Milhares de pensamentos tomam conta de mim.
Não são fortes o suficiente para durarem mais de dois segundos.
Sinto a brisa, sinto o correr das horas e dos passos
Volto meus olhos ao céu e vejo surgirem milhares de pontos cintilantes
Caindo do céu, brilham, se fundem com as luzes e com o universo ao seu redor.
Todos correm.
Eu não.
Continuo a caminhar lentamente pela rua.
Mães pegam seus filhos no colo e abrem suas sombrinhas.
Indigentes correm para se proteger debaixo das marquises.
Todos querem se proteger.
Eu não.
Sinto cada gota de chuva tocar o meu rosto.
Sinto a chuva me molhar.
Todos me olham.
Indagando porque não me escondo da chuva.
E eu não me importo. Continuo minha caminhada.
Engraçado como a chuva a torna ainda mais lenta.
O que antes era o horizonte agora é apenas uma visão embaçada.
E eu continuo a caminhar…
Bem lentamente, bem tranqüilo e sentindo a chuva abençoar aquele momento.
Chuva fria, lava meus pecados e leva meus pensamentos .
Não pretendo entender nenhum dos meus pensamentos.
Provavelmente trazem o peso e as agruras de uma vida.
Mas eu ainda tenho que seguir.
Mais uma vez olho os postes na rua.
Mais uma vez eles parecem me guiar.
O horizonte ainda está embaçado.
Não vejo a minha sombra, não vejo quem sou.
Eu não posso parar de caminhar, afinal tenho que chegar.
Por isso continuo minha longa caminhada
Com passos lentos e solitários.
Mas sempre caminhando.
Caminhando sempre.
Caminhando

Rodolfo Morais

Abandono

Publicado: 07/12/2009 por JEFF em Poesia

Estamos esperando pelos dias de redenção
ontem juramos sermos jovens para sempre
mas agora estamos envelhecendo rapidamente

…e as frases caluniosas dos versos que outros fizeram
batendo em nossas portas descoradas
nos dizendo que este é o tempo de “deixar de ser”
e que há sentido no permanecer

JEFERSON

Sacola plástica

Publicado: 06/12/2009 por JEFF em Poesia

Voa…
Sem pretensão… plaina no ar…
subindo, caindo… indo…
sobrepujando sua própria leveza
solenemente, acompanhamos a plenitude de sua a dança
o bailar contido de sua trajetória espiral
a trilha sonora perfeita
desmedida pelos devaneios permitidos de quem assiste
…da janela…
Estático…
vendo a vida passar…

JEFERSON

Cinco, quatro, três, dois, um

Publicado: 05/12/2009 por rodoxcaos em Poesia

Os atores erraram no primeiro ato
A coxia não conseguiu esconder
Frente ao momento exato
Que devia ser
De fato
aparecer

Rodolfo Morais

Alto escalão

Publicado: 05/12/2009 por JEFF em Poesia

Aviões colidem contra torres imperiais
Champagnes são estourados em comemorações
ao advento do capitalismo
Acordos são feitos sob conveniências
por rostos pomposos de toda a arrogância que seus cargos exigem
Os ternos são caros, o estilo de vida também
Eles não hesitarão em sugar da gente tudo que eles precisam para tê-los
Talvez por isso,
estejam sempre cercados de oportunistas e charlatões de toda espécie
esperando ansiosamente suas quedas para tomarem os seus lugares
e continuar o ciclo
O que eles acham que estão fazendo? O que eles acham?
…Algo se processa sobre a cidade
a escuridão se eleva, a torre cai
criaturas vagam à luz do dia
tentando encontrarem novos símbolos a serem consumidos
Nuvens negras se formam
chuvas ácidas cairão esta noite
escombros perdurarão por muito tempo
e nesse cenário que se forma,
não há alianças a serem feitas além das com ordinários usurpadores
que almejam outros postos, cada vez mais submersos na lama…
As linhas subumanas avançam
…e todos são inimigos…

JEFERSON

Para tudo há algo

Publicado: 04/12/2009 por rodoxcaos em Poesia

Para toda escuridão há uma luz
Para tudo que dói há algo que sara.
Para toda a noite perdida há alguma bebida

Rodolfo Morais

Neste momento,
ela está lá, sentada
coberta com os elogios que lhe são tecidos diariamente
tão cheia de si…
Alheia às minhas vontades
e à pequena porção do mundo que não está ao seu redor
ou que não têm os olhos voltados para sua beleza projetada

Incansavelmente, refaz a maquiagem
conduz o seu mundinho hipócrita perfeito
cobrindo os anos vazios de sua ilustre existência
Ostenta sua beleza cosmética
como sempre, no seu melhor
não há como se surpreender com sua “perfeição”
…tão cheia de vazio
que já tem escolhida a embalagem, os assuntos “da moda” de hoje

Em algum lugar da avenida,
não coincidentemente chamada de “Sanitária”,
ela vive mais uma noite de “glamour”… na superfície
angariando mais pessoas que veneram a sua futilidade
e que lhe tragam um adjetivo novo
que permita-lhe continuar a viver

O mundo caminha em compassos dilacerados
…e ela só quer saber que roupa irá usar a noite…

JEFERSON

R.A.P.

Publicado: 03/12/2009 por JEFF em Poesia

Uma bala é perdida na cidade
e um poeta conhecido morre na favela
de bala encontrada
…na cabeça

JEFERSON

Continuar

Publicado: 02/12/2009 por JEFF em Poesia

Está bem, acontece…
Vamos lá
Arrume as barras das calças
e comece a caminhar novamente

JEFERSON