Arquivo de fevereiro, 2012

A garota ideal para uma cidade sem nome

Publicado: 28/02/2012 por JEFF em Poesia

Você parece tão bonita com esta aura de garota comportada
divagando sobre a ascendência das estrelas
ou sobre as postulações bergsonianas
enquanto percebemos que, de esquina em esquina,
tudo vai ficando pra trás
e ainda não encontramos o que estávamos procurando
nem há lugar nesta cidade para gente como nós

JEFERSON

Clarividência

Publicado: 23/02/2012 por JEFF em Poesia

Tudo confuso…
as sombras se misturando
os vultos rondando pelo quarto
as respostas cobrando perguntas
os pesos, as medidas, os fatos deliberados
o caminho resoluto
a velocidade indeterminada
a escuridão delimitando a luz
o capuz encobrindo o rosto
o passado emoldurando o presente
o sorriso aguardado, o andamento correto
o som do vento repercutindo por entre as frestas
e a busca da plenitude na crença
tudo ecoa incerteza
apesar das estimativas em contrário
amanhece mais uma vez
e na hora mais clara
vamos em direção ao penhasco
…e pulamos…
sem a mínima garantia de que iremos voar…

JEFERSON

Sobre as lembranças de um passado inexistente

Publicado: 21/02/2012 por JEFF em Poesia

As poesias, inevitavelmente, ficam pra trás
nos atiramos contra a parede por nada
não me lembro de termos dado vazão a nada
que não seja abstrações singelas
de um fluxo contínuo
de uma realidade violenta
e uma glória lapidada
pela paciência do tempo
que, inerentemente,
conserta tudo…

JEFERSON

Spoiler

Publicado: 18/02/2012 por JEFF em Poesia

Pode parecer um delírio, uma sensação incontida
ou uma ilusão insensata,
mas de todos os universos que eu não conheço
o seu
é o que mais eu sinto falta…

JEFERSON

Ruínas

Publicado: 15/02/2012 por rodoxcaos em Poesia

Todos nós estamos destruídos, porém ainda estamos sorrindo.

Todas as armas foram usadas em batalhas fúteis

As lembranças de uma guerra estúpida ainda permeiam as mentes

O sopro dos canhões ainda nos assombra

E a guerra foi ontem, porém ainda está viva

Crianças mortas por crianças, devastação por todos os lados

Um pai chora. Um filho executado, uma vida desperdiçada

Rodolfo Morais

O sentido ausente

Publicado: 15/02/2012 por JEFF em Poesia

Todas as fichas apostadas
lá estão eles noite adentro procurando o que perder
dezenas de possibilidades se oferecem facilmente
uma noite pra cada avenida
uma avenida pra cada rodada desajeitada
um desajeito para cada opção indesejada
enquanto se desafiam, vão além do limite,
caçando taxas cada vez mais altas até não poderem pagar
rodando sem destino
até tudo começar a desmoronar
e se encontrarem perdidos
em algum canto esquecido desta cidade ingrata
minutos depois da sensação de vazio
e horas antes de se preparem para tudo novamente…

JEFERSON

Todos os momentos são eternos

Publicado: 12/02/2012 por JEFF em Poesia

Desfocando e focando
alternando entre medidas impossíveis
o retorno imediato das imagens insensatas
as elegias impossíveis de um reino distante
o quase plausível, o quase alcançável
estraçalhado pelos acordes de outrora
no banco de trás de um destino em movimento
rumo à um futuro desconhecido
uma numeração que define a captura de cor
e tudo pelo instante inusitado
da regulagem precisa
sobre a brevidade de um momento único
captado em vinte e pouco momentos inesquecíveis por segundo…

JEFERSON

Todo laspso

Publicado: 10/02/2012 por rodoxcaos em Poesia

Um milhão de pequenos contos impossíveis
O lorde de toda existência observa o (re)arranjo
O pedido de ajuda não foi ouvido
As alegrias foram distribuídas
Todo laspso
Coisas estranhas acompanham o infinito
Todas impossibilitadas de certa forma possíveis

Rodolfo Morais

Ela sentada à beira do elevado da varanda
serena, olhando o mundo desabar
Eu, finalmente, entendendo o que é a duração
tudo girando, desintegrando ao nosso redor
a gente ciente que tudo vai acabar
os drinks, o apreço pelas bebidas,
a habilidade inquestionável em apontar o inevitável
as músicas, a guitarra velha,
as dezesseis moedas arremessadas
a moderação frente ao desespero inexistente
as imagens se processando aleatoriamente
remontando as lembranças de um modo indescritível

…dentre todas as coisas que mais provocam lacunas
ela sente falta do filho que nunca teve
e eu dela, que nunca existiu…

JEFERSON

Tenho recebido noticias de vossa tristeza
Eu me compadeço de vos
eu compreendo vosso sofrimento
Venho consolar-vos por meio da palavra
Irmãos e irmãs, meus companheiros
Tendes carregado um duro fardo
A vida não vos poupou
Tendes calma
A liberdade é vossa companheira nesta batalha
Fornicai irmãos, esta é vossa melhor verdade
A toda hora implorai pelo gozo sexual
Não se importe pois com as almas pobres
Nem com os adoradores de regras
Pela manhã até o sol se pôr
Fornicai o máximo que puderes
E se possível continuai pela noite adentro
Fornicai pois a vida é breve e eu não posso lhes garantir nada
Nem agora muito menos após a morte
Portanto usai vosso corpo para o prazer o quanto puderes
Esqueça os tratados infames, e os religiosos dispersos
São ovelhas desgarradas, são negadores da verdade
O destino deles já esta traçado, é como o vosso
Após os dias de vida,
mas vós irmãos, confiai nesta palavra
A fornicação é o bem mais precioso de vossas vidas
Será no fim a certeza da vitoria da humanidade sobre os santos
A vitória do bem contra o mal, a batalha vencida
Reuni em vossas casas, nas praças, nas escolas,
Nas repartições públicas e cumpri pois a minha palavra
Fornicais até que o vosso corpo desista, até que o vosso espirito
Se extasie de amor e de calma,
Pois houveram dias em que nos proibiram de ser humanos
Que prenderam nosso desejo num deserto de clamores
Que nos condenaram diariamente, que nos tiraram tudo
Mas hoje irmãos estamos libertos, nosso próprio corpo nos salvou
Devemos tudo a ele, ao seu desejo insaciável, ao seu desvio diário
Não intristeça o vosso coração quanto baterem a sua porta
Quando desviarem seu corpo para pensamentos vãos
Lembrai de minhas palavras e meus direcionamentos
Pois eu lhes conheço, sei de vossas necessidades
E repito, fornicai irmãos, fornicai,
Pois a vida é breve e o destino incerto
Luiz Vieira

(In)verso

Publicado: 01/02/2012 por JEFF em Poesia

Pessoas como mercadorias,
mercadorias como pessoas…
há, no mínimo, pra não dizer outra coisa,
um olhar educado em demasia…

JEFERSON