Arquivo de maio, 2012

Monções

Publicado: 14/05/2012 por Luiz Vieira em Poesia, Produção "Teatro do Caos"
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Grandes tempestades e inundações
O corpo todo entregue, molhado, sedento
E são dias de paz dos quais quase não se encontra
 
Seca, dor, escuridão incerteza
Toda a vida presa na impossibilidade
E são dias tristes, coesos e demorados
 
E o bom de tudo isso que chamamos vida
Apresenta-nos incerto, derradeiro como uma chuva de verão
E nós que não conhecemos muito de estar aqui
De ser feliz e de finalmente estar em paz
Brincamos com conceitos, com preconceitos
Com ideias mortas de gente viva e por fim esperamos…
Esperamos…
Como se tudo de bom fosse aparecer amanhã, antes do nascer do sol
Ou que tudo estivesse tão próximo, que no derradeiro momento
Poderia eu simplesmente estender o braço e nada,
Simplesmente nada se perderia
 
Mas o tempo não é um amante apaixonado
Que toca seu violão nas noites melancólicas de lua cheia
Ele é um maldito com regras e tratados dos quais não se pode duvidar
É um deus que prende todos o s meus versos num sonho impossível
Ele não permite desvio, e também não oferece recompensa
 
Ah, e este vento quente que muda tudo a toda hora
Que transforma a total incerteza na possibilidade do encontro
E que depois deixa gélido todo meu corpo
E tenho que me encolher…
E tenho que me esconder…
E tenho que infelizmente duvidar
E depois desistir, e estar incerto outra vez
E que depois retoma seu torpor íngreme
E conduz-me as alturas onde poucos podem ir
De onde me lanço na certeza de dias melhores
Enquanto o corpo todo se desfaz extasiado…
 
 
Extasiado de amor, de desejo, de satisfação
E o vento é apenas um carinho em seus cabelos negros
E um alívio para meu corpo cansando.

Luiz Vieira