Arquivo de janeiro, 2012

Proibida

Publicado: 31/01/2012 por Luiz Vieira em Poesia
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Qualquer um afirmaria minha loucura
Do quanto tudo isso é proibido
Mas aquele corpo dorme todos os dias entre minhas pálpebras
Toma toda minha cama em gemidos doces
atravessa todas as paredes,
Faz florescer em meu quarto
Inebriante cheiro, gozo, paz

Qual o limite de um corpo trasbordante de desejo?
As regras, os tratados, as distâncias?
Certamente não, a natureza e seu exercito
Nós dois subserviência as altas temperaturas,
Que borbulham sob nossa pele
E é tudo, novamente, caminho inexplorado

A mão que afaga os ombros,
A face que roça os cabelos,
As pernas que se juntam.
O gosto da pele impregnado
A boca-apetite, o beijo
A falta de roupa…

… unhas, cabelos, hematomas
Tudo que era somente seu, agora meu domínio
Eu escravo, queimando
O deus de seus gemidos.
Protetor de seu corpo extasiado
Molhado, doce
Esparramado pela cama,
O cheiro de mulher viva
E a luz branda que ilumina
Todos os contornos de sua humanidade

Luiz Vieira

Oposto

Publicado: 31/01/2012 por JEFF em Poesia

Todos sempre dizem: parabéns!
Resista! Isso mesmo! Continue…
Mas não são vocês quem se ferem e sangram
quando achamos que chegamos à vitória,
tudo parece conspirar à favor
e o destino insiste em nos dizer o contrário

JEFERSON

Alternância

Publicado: 27/01/2012 por JEFF em Poesia

Provavelmente voltaremos a este assunto
tudo é bem mais complexo do que aparentemente se apresenta
parece alternância,
mas não somos só isso…

Todos acham que nos conhecem, mas isto também não é verdade…

JEFERSON

Alegrias secretas

Publicado: 26/01/2012 por JEFF em Poesia
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Nem tão preso aos desígnios da Terra
nem tão distante à ponto de não haver colisão
assim, de graus em graus
vamos vertendo todos os delírios diários
desvencilhados da manifestação contínua
de todos as esferas e imagens projetadas
de todos os absurdos ou superficialidades reveladas
degrau a degrau vamos subindo em direção ao inevitável
o lugar pouco arejado onde são edificados nossos algozes irreais
nosso mundo não domesticado
nosso painel de letras irreconhecíveis
nossa estrada de fundo praticável
onde podemos olhar a paisagem que só nós conhecemos
contemplarmos os destinos falidos dos vorazes
arquitetarmos nossas glórias, nossas vitórias clandestinas
nossos olhos feridos pela claridade que não conhecemos
desintegrando o mundo particular que habitamos
nos calabouços quase irreconhecíveis
abaixo de nossos sapatos gastos
e acima de tudo existente
entre um olhar, um silêncio imperceptível
uma fresta ou outra que insiste em perdurar
e os abalos sísmicos de cada ferida não cicatrizada
dispostas em lacunas que, em tese, nunca existiram
sobrepujadas por gestos que nunca ocorreram
e o errante destino particular dos covardes
acalentados por um quase sorriso
de uma quase vida de merecimento
e um prazer estranho atrelado à solidão e ao sofrimento

JEFERSON

Destroços

Publicado: 25/01/2012 por JEFF em Poesia

Todos nós sabemos
tudo vai ruir,
vai sair do controle
e desmoronar em um simples amanhecer
então seremos arremessados pra cima
e talvez até tenhamos
uma sensação maravilhosa de suspensão
segundos antes de sermos soterrados pelos escombros…

JEFERSON

Me jogando contra as paredes
perdido
em um dos milhares de labirintos tortuosos
de meu quarto cada vez mais apertado
pelas lacônicas sombras e sobras
das lacunas da noite

Destinos incompletos
abstrações inúteis de inúteis displicências
e inúteis resultados e complicações
as ocasiões cobrando mais caro
todas as taxas que sempre nos recusamos a pagar

Uma estrada conhecida,
sempre de trajetória imprecisa
a gente com todo o fôlego que não temos
rememorando o que nunca aconteceu
nos afundando mais e mais
na certeza de que de tudo que planejamos
nada segue as regras
enquanto a noite vira ao avesso
só para nos mostrar
que estamos cada vez mais longe do que éramos
e é tarde demais pra voltar…

JEFERSON

Um tenro olhar de mistério
Uma noite as vezes clara com um dia de sol
Outras penumbra onde não se vê o próximo passo

Dela se espera tudo, mas sempre há alguma surpresa
Teus olhos um paraíso desconhecido
Uma dia imprevisto do futuro

Quem poderá atingi-lá
Tal qual um profeta se aproxima de seu deus?
Difícil saber ela nunca dirá,
absorta nos próprios pensamentos
Seu destino é um tesouro escondido

Enquanto a própria estrada já está construída
Seus pensamentos dançam,
E o ritmo meus caros, é celestial

Quem pode realmente encontra-lá?

Provavelmente um poeta louco
Ou um destino vazio,
Talvez um desconhecido de uma esquina qualquer

Impossível saber…

Ao indecifrável um pouco de mim
Para uma dança em seus pensamentos
Limparei com versos vermelhos essa penumbra
E haverá muito brilho nestes olhos.

Luiz Vieira

Game over

Publicado: 16/01/2012 por JEFF em Poesia

Te esperando em frente sua casa
te cercando com seu mundo impossível
nenhum movimento de correspondência,
mas continua lá
parado observando
esperando o movimento mudar

Então você não segue meus conselhos,
a coisa muda
ele cria tudo
te conta as suas mentiras mais sinceras
vai de resplandecência à escuridão em duas frases
e te cerca com seus argumentos cheios de defesa
explora sua futilidade e falta de preparo pra tudo
e te escolhe para o jogo macabro

Aguente firme
não perca o controle
ele parece lhe dizer,
enquanto te vence e te imobiliza
e te leva noite adentro
rumo ao fim de tudo

JEFERSON

Incurável

Publicado: 15/01/2012 por JEFF em Poesia

Era um dia chuvoso
lágrimas pedras escorriam pelo corrimão tortuoso
das escadas igualmente tortuosas da amargura
eu andava, como quase sempre,
sem um propósito aparente
enquanto a noite findava
e eu me preparava
pra descer, degrau à degrau,
rumo ao porão alagado
me lembrando de todas as coisas
dentro de todos os motivos que me rasga a pele
e todas as cicatrizes que não consigo esconder

JEFERSON

A máxima sempre aponta para o continuar,
mas não há opções plausíveis
nem caminhos diferentes
àqueles aos quais não ousam arriscar
e tudo parece, sempre, infinitamente
mais simples e menos urgente
quando visto do lado de fora
e não é nosso o sangue
que é derramado a cada dia de permanência
dentro do turbilhão de motivações insensatas
e um emaranhado de objetivos desconexos
nos cobrando decisões a cada escurecer…

JEFERSON

Propósito

Publicado: 09/01/2012 por JEFF em Poesia
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Silentes andam os errantes
dia após dia
sedentos de uma diretriz eficiente

Para cada coisa um propósito nefasto
para a faculdade de esquecer, o esquecimento
para a faculdade de lembrar, o sofrimento
os segundos nos perfurando por horas
horas entre dias,
dias entre mãos, mãos por trocados,
e trocados por ilusão

Incontáveis e diferentes destinos
esperando por soluções semelhantes
indo noite adentro
por dias à fio
à procura de respostas
para perguntas que ainda nem foram feitas

JEFERSON

Dor

Publicado: 08/01/2012 por JEFF em Poesia
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Meu império de palavras insuficientes
minha cara desbotada de sempre
esperando o ônibus à luz do dia
tudo claro ao redor
a fenda de uma ferida que não cicatriza
os olhos fechados, as lembranças de sempre
glórias incompletas
sentimentos vazios, pensamentos vorazes
pessoas felizes
ou, aparentemente, próximas disso
o que é suficiente para saber que não somos iguais
não é em vocês que reside a escuridão
carrego o mundo comigo
por motivos diferentes todos uma hora vão embora
eu permaneço…
acordado…
lembrando-me de tudo…

JEFERSON

O encontro

Publicado: 07/01/2012 por Luiz Vieira em Poesia
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O gosto das estrelas queimando os olhos
O poder de conseguir o novo outra vez
As possibilidades dos caminhos diversos
As flores que chovem todas as manhãs

Liberdade é Ir por um bom caminho
É reconhecer o passos do pródigo
Multidão de pássaros voltando
A pele queima, já estamos prontos
A diversidade das experiências
São agora a tábua fina por onde caminhamos
Desequilíbrio é a ordem dos deuses
É o bom sentido que eles deram a vida

Erremos o quanto pudermos até a melhor escolha
Até um dia simples se tornar o mais perfeito
Até a noite e o frio não fazerem sentido algum
Juntem-se perfeitamente as mãos
É o contato inteligível entre dedos que queimam
Este é o abraço do invisível.

Luiz Vieira

Mais uma órbita no escuro

Publicado: 07/01/2012 por JEFF em Poesia

As horas torturando os destinos escolhidos
nossa eterna revolta de causas vazias
motivos reais para seres imaginários
um sei lá o quê de eminente volta
teus desejos trancados lhe cobrando as chaves
um quarto apertado de ilusão e desespero
nas madrugadas de apego solitário
palavras como imagens, imagens como respostas
o mundo alheio à nossa vontade
rituais decadentes de apodrecimento coletivo
uma janela coberta por paisagens distorcidas
pedindo um tratamento diferenciado
enquanto todos os seus satélites desconexos
entram em trajetória de colisão
e meu quarto apertado se torna ainda mais escuro

JEFERSON

Leve digressão

Publicado: 06/01/2012 por JEFF em Poesia

Vasculhando, revirando tudo
pequenas subidas, grandes quedas
trocadilhos adolescentes
a gente fingindo estar satisfeito com tudo
de um lado para o outro
batendo nas paredes
indo em direção ao centro de um infinito projetado
sem pagar pedágios
sem nos importar com os restos deixados
girando as coisas
mais rápido do que conseguimos suportar
só pra perdermos o controle
só pra distorcermos o sentido
a cidade superfície e suas taxas exorbitantes
e o ardor constante de uma nova ilusão surgindo no horizonte
tão imperfeito e sem graça
o quanto a essa história de perfeição pode ser…

JEFERSON

Entre paredes

Publicado: 05/01/2012 por JEFF em Poesia

Em vão, por várias vezes,
entoamos nossos cantos de batalha
nunca tivemos inimigos reais
ou tão poderosos quanto os que inventamos
brindamos por nada
somos o retrato desfocado de sorriso incólume
nossos destinos emparedados
nossos cálices cheios de sangue dos inocentes de sempre
uma ou outra forma igualmente inocente de ver as coisas
um ou outro pensamento fortuito
uma porção de ruídos quase sem significado
uma combinação, um arriscar no aleatório
os acordes certos, os acasos tortos
uma ligação que valha a pena
um esperar sem fim nem começo
e tudo girando além da nossa vontade
perdido entre o tempo e o espaço
e as milhares de coisas que podem acompanhar
o florir despretensioso de um gesto

…viver é não ter medo de errar…

JEFERSON

O devir silencioso

Publicado: 03/01/2012 por JEFF em Poesia

Era pra ser uma história simples
até tudo, como sempre, sair do controle
a cidade nos cercando de luzes e lojas
labirintos distintos em cada rota conhecida
pessoas se etiquetando, se oferecendo por pouco
e assim, também como sempre,
entramos noite adentro
edificando milhares de possibilidades e coisas
que agora se amontoam na fila para o esquecimento…

JEFERSON

Discurso aos novos decadentes

Publicado: 02/01/2012 por JEFF em Poesia

É tarde,
tarde demais pra qualquer coisa?
Embora não haja mais um sentido aprazível
ou algo que nos remonte aos tempos de luta
e, principalmente, resistência
vou permanecendo em pé
enquanto vejo os antigos colegas de combate,
um a um, desistindo
ou caindo como ratos dilacerados
solícitos de formas novas de conveniência
ou de outra nova zona de conforto
onde abriguem cuidadosamente
as glórias, cada vez mais distantes,
de um passado cada vez mais inabitado
atitudes semeadas em terreno infértil
nutridas em ventres de pedra
É possível que a nossa inquietude
e constante insatisfação
esteja diante do fato irrecuperável
de termos que olhar todos os dias no espelho
e termos a nítida comprovação
de que sempre fomos muito melhores do que somos hoje
e muito maiores do que o mundinho
previsível, incompleto e calmo
que escolhemos habitar
e o pior, muito pior,
deixamos quase todo o nosso potencial pra trás
e mesmo que o que sobrou ainda possa destruir o mundo
estamos acomodados de mais para fazê-lo
e como se não bastasse,
estamos nos habituando a conviver com isto…

JEFERSON