Umbrella II

Publicado: 30/10/2009 por Luiz Vieira em Poesia, Poesias, Produção "Teatro do Caos"

Findou-se o tempo escolar,
A água límpida se deixa cair nos telhados
Eu posso te proteger garota
Eu posso te levar em casa
Ela espera nervosa que passe a tormenta
Eu espero cavalheiro que esta não passe nunca
Ou que a garota simplesmente desista
E pacientemente me acompanhe.
– Eu te levo.
– Mas você mora do outro lado da cidade
– Moça, eu te levo.
Levei… Não foi tão difícil
Agarrou o meu braço, encostou sua cabeça em mim
Senti seu perfume, calmo, delirante.
Sua respiração estava ofegante
Eu caminhava como um rei.
Entre saltos e plano falidos
Tentávamos desviar das poças d’água do chão
Pois a meia é o último estágio da dignidade humana
Ela me falou dos trabalhos escolares
Eu lhe falei do seu cheiro inebriante
Ela me falou da professora chata de matemática
Eu lhe falei da beleza dos seus olhos verdes
Caminhávamos devagar; para que isso durasse bastante
Sempre desfio essas malditas leis temporais
Seu corpo já está grudado ao meu
Paramos…
A mão na cintura, o olhar penetrante,
O cheiro, a água que caia, o vento frio que soprava
Os lábios, o hálito, o abraço, o afago nos cabelos
A língua, o pescoço, os dentes, a pele…
O novo dia, o fim da tormenta, os raios de sol
A calma, a despedida.
O sorriso e A volta pra casa.

Luiz Vieira

comentários
  1. Lucas T. Combo disse:

    Puta que me pariu, eu já vi inspiração, mas isso veio acompanhado de transpiração!!!

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