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Aqui estão as almas oferecidas
Todas as almas dos meus amigos que vendi
Numa noite fria e febril
As despachei em vários navios mercantes
Rumo a uma terra onde os mortos habitam.
Onde nem mesmo os mais fortes agüentam.
Pelos mares da dor e o caos navegaram
Tendo sempre uma sombra ao lado
Sem saber quem lhes vigiava
O mais fraco começou a ceder.
Não tente ir contra a maré
A dor vai permanecer, perto do mar do desencanto
Toda desgraça há de acontecer.
Bem perto dos olhos piedosos, de algum supremo ser.
Que vigia bem de perto e guarda as fontes de infinito saber.
E aqui se fez presente a falsa redenção.
Onde almas impuras entregues por uma pior
Confraternizam-se numa távola caótica
Regada a desordem e vinho. Com pitadas ácidas e mordazes e orgulho
Neste baile de desavenças o preconceito impera e a ordem não tem campo.
E aqui se faz a confraria e todos voltam a ser
Os mesmos amigos de outrora, apesar das almas vendidas
Alguns riem, pois já não a nada mais a fazer.
Abracem o caos, entreguem-se a destruição.

Rodolfo Morais