Martini

Publicado: 05/09/2009 por Luiz Vieira em Poesias, Produção "Teatro do Caos"

Ontem eu menti
Incrivelmente disse:
– Eu também gosto de Martini!
Incrível a coincidência!
Não gosto!
Até acrescento:
… Um homem
Que se preze não bebe Martini.
…Nem percebi quando disse
Talvez tivesse más intenções
Com o belo corpo que se apresentava
Voluptuoso, novo e suave a minha frente
Porque não pedi o maldito
Uísque com energético de sempre?

É duro admitir:
– Eu às vezes minto.
Consolo-me apenas quando concluo
Eu não estou só…
Provavelmente somos todos mentirosos
Mentimos todos quando olhamos
Embriagados de torpor
O belo amanhecer ou entardecer
Proclamando a todos os cantos do mundo
A beleza da vida, a maravilha de estar vivo.
Não que eu duvide da beleza destas coisas
Ou tenha uma monstruosa teoria metafísica
Para provar que tudo isso seja uma grande mentira
Certo é
A beleza destes curtos momentos de embriagues
Não apagam a verdade dos jornais
E as imagens que vejo todos os dias.
Teria alguém errado miseravelmente na criação deste mundo?
Ou câncer, HIV, guerra, Bush, Zezé de Camargo e Luciano,
Aleijados, mendigos, mortos de fome, Furacão 2000, etc…
São simplesmente conseqüências extremas
Dos nossos erros?
Bem… melhor é mentir de novo
Rezar outra vez,
Extasiar-me nas belezas deste mundo
Aceitando os erros dele
Sorrir para quem odeio
Acreditar na vida eterna
Ser um bom garoto
E claro dizer que gosto de Martini

Luiz Vieira

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